quarta-feira, 24 de novembro de 2010


- É ela. - Daniel murmurou, acenando discretamente com a cabeça na direção de uma garota que passava.

Ela era absolutamente... Comum. Sua pele era amorenada, apenas ligeiramente mais escura que a dele próprio. Seus olhos eram castanhos e, naquele momento, estavam fixos em um ponto qualquer do corredor em frente, carregando um brilho distraído e pensativo. Seus lábios estavam ligeiramente curvados apenas nas extremidades, revelando um sorrisinho quase impercptível, quase como se ela enxergasse no mundo uma grande piada que mais ninguém era capaz de compreender - ele sabia, no entanto, que quando ela sorria abertamente, as maçãs do seu rosto se tornavam proeminentes e seus olhos lembravam fogos de artícios explodindo. Seu cabelo estava preso em um coque firme no topo de sua cabeça, amarrado com uma fita colorida - solto, caía em cachos escuros até um ponto não muito distante da sua cintura. Ela era absolutamente comum, vale repetir. Apesar disso, aquele garoto, aquele garoto também comum não podia conter um sorriso de contentemento ao vê-la passar e acenar de longe para ele. E as borboletas que brincavam de pega-pega em seu estômago a cada vez que ele a via diziam a Daniel, por algum motivo, que ela não era comum. Não para ele.

- É ela. - Repetiu, ainda observando a figura afastar-se com o mesmo ar sonhador no rosto. - A dona de cada verso que escrevo, nota que toco e batida do meu coração. A garota que eu amo.

(Daniel Freitas)

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